Fugas em massa demonstram poder das facções nas prisões




Somente neste ano, o Estado já contabiliza 63 fugitivos do Sistema Penitenciário. Dentre eles, homens perigosos e ligados ao PCC.
extensa lista, divulgada na ocasião das fugas pela própria Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), estão nomes que já constaram entre os mais procurados do Estado. A grande maioria dos fugitivos estava na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Jucá Neto (CPPL III), que abriga os membros do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Dentre os criminosos mais perigosos que escaparam estão assaltantes de banco como Marcos Fernando Monteiro Marques, o ´Chicó´, e o paulista Douglas Aparecido Piovesan, que veio de São Paulo colocar em prática no Ceará sua especialidade de roubar agências; ladrões de veículos, como Francisco Rafael Alves da Silva, o ´Rafael Xilito´, que comandava do presídio uma rede de roubo e clonagem de veículos; homicidas como Silvano Paulino Anastácio, apontado como autor de mais de 50 assassinatos, e José Delano Diógenes, o ´Delaninho´, que liderava uma quadrilha de homicidas e assaltantes a banco no Vale do Jaguaribe. Para completar a lista dos mais perigosos, Vicente Leite Sobreira, que já era foragido da CPPL II, foi recapturado com carros blindados usados em assaltos, no ano de 2016, mas já está novamente na rua, pois escapou da CPPL III.

Uma fonte da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) que conversou com a reportagem disse que o impacto dessas fugas é muito grande. "Muitos deles são perigosíssimos. Não se desmobilizaram porque estavam presos, continuaram dando ordens a suas quadrilhas. A Cadeia nada mais é, hoje em dia, que uma rede de negócios ilícitos. Mas, pelo menos, possibilita a Polícia ter um controle de onde os criminosos estão. Quando eles fogem, nosso trabalho começa do zero", afirmou.

Segundo o policial, o poder das facções está se expandindo e, se não for combatido imediatamente, tomará proporções drásticas para o Estado. "Eles estão investindo para entrar em todas as áreas. Corrompem servidores públicos, elegem políticos, estabelecem empresas para fazerem parte da iniciativa privada. No Ceará, já mostraram a força que têm, tanto que dominaram o Sistema Penitenciário".

Em entrevista à TV DN, Camilo Santana disse que as facções criminosas nasceram no Sudeste e, agora, possuem braços em todo o País, disseminando o tráfico de armas e de drogas. "Tem gente lá no Rio de Janeiro que coordena as facções aqui e em outros Estados. As facções têm muito dinheiro, inclusive para contratar os melhores advogados do País, para comprar as melhores armas e entrar com essas armas".

Para Camilo, o crime organizado procurou o Nordeste e o Ceará porque servem de ponte para o tráfico de drogas, devido à proximidade da Região com a Europa. O governador lembrou que o Brasil não fabrica armas pesadas, nem drogas e culpou a União pela entrada dos produtos ilícitos, que estão municiando as facções, através das fronteiras territoriais.

Devido o crescimento da atuação das facções criminosas no Ceará, refletido no aumento do número de assassinatos, Camilo Santana disse que o combate a esses grupos tem se tornado prioridade e já foi intensificado pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). "A nossa meta é combater veemente qualquer facção aqui no Ceará. Eles são muito organizados e incomodam. O que eu vejo como reflexo do que está acontecendo no Estado é que, em algumas áreas que a Polícia não entrava, porque era dominada pelo tráfico, resolvemos entrar. A partir do momento que tiramos o espaço, eles vão procurar outro. E se esse outro espaço estiver ocupado, ele vai se confrontar com a outra facção para conseguir o lugar para ele", justificou.

Bancos

Conforme a fonte da SSPDS, a criminalidade funciona como um ciclo: "o traficante financia o assalto a banco para se capitalizar e comprar mais droga. Na venda dessa droga, mata rivais e na cobrança dos entorpecentes mata devedores. Depois começa tudo de novo". O governador disse que os ataques às instituições financeiras praticados são uma preocupação. Neste ano, aconteceram 30 ações.


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